Jesus diz a eles uma parábola: "Ninguém tira um pedaço de uma roupa nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão" (Lc 5:36-39).
Esta parábola explica a impossibilidade de se misturar Lei e graça. O contexto aqui é a comparação que os fariseus fazem entre os discípulos de João Batista, que pertencem à velha ordem de coisas, e os discípulos de Jesus, que o recebem com a alegria de uma noiva na companhia de seu noivo.
É impossível fazer os princípios da graça se encaixarem no velho sistema da Lei. Não se tira um pedaço do novo para costurar no velho; a graça e a Lei nunca poderão andar juntas. De igual modo ninguém colocaria vinho novo, ainda em fermentação, em um velho saco de couro que guardou vinho velho e já não tem a elasticidade necessária para o novo. O vinho novo precisa ser colocado em um odre novo para que ambos se conservem.
O que é novo tem uma energia que é destrutiva quando em contato com a velha ordem de coisas. Sempre que alguém tenta juntar Lei e graça acaba ficando sem nenhuma delas: a Lei deixa de ser Lei e a graça deixa de ser graça. O cristianismo é algo completamente novo que vem de uma revelação direta de Deus. Não é um conjunto de regras, ordenanças, cerimonias, objetos sagrados, clero, templo, altares e tantas coisas que faziam parte da antiga dispensação dada a Israel.
Mas será que o homem quer a "roupa nova"? Será que ele aprecia o "vinho novo"? Não, e a prova disso é que a maioria das religiões cristãs não passa de adaptações do judaísmo, com maior ou menor grau de elementos judaicos costurados em sua adoração, ofícios e instalações. Jesus complementa seu discurso dizendo: "E ninguém tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho" (Lc 5:39).
Sem dúvida, a velha ordem de coisas do legalismo judaico é mais adequada ao homem no seu estado natural. Mas a graça é sobrenatural. É apenas pela fé que alguém consegue enxergar que a graça é tão adequada a Deus quanto ao novo homem. Mas o homem, em sua carne, irá perguntar: "O que posso fazer? O que não posso fazer?". Por ainda não ter em si a nova vida, ele irá se apegar ao velho sistema da Lei, do tipo "Faça isso!", "Não faça aquilo!", que é mais condizente com sua velha natureza. Por isso ele dirá: "Melhor é o velho".
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